quarta-feira, 11 de maio de 2016

A RETÓRICA DA IMPOSTURICE E DA DRAMATIZAÇÃO


Ao abrigo dos Gigantes da net que atacam a liberdade de imprensa, a 4 de maio o Correio da Manhã, como nota relevante de uma conformada Conferência, maldizia o uso abusivo de conteúdos produzidos por alguns nupérrimos meios de comunicação, em especial esses hercúleos do Google e do Facebook. O argumento fulcral enganchava-se na fuga de publicidade (e, como tal, de pecúlio) que resvalavam desmerecidamente para tais ogres gulosos.
Há muito tempo que pouco ou nada espero da corrigibilidade ética do capitalismo, das suas lógicas e dinâmicas, cujo único e absoluto valor é o capital. Daí, tudo isto se me afigura como uma rixa de convizinhos que se engalfinham por uma talhada de terra que, nos tempos de hoje, se torna em uma eficiente herdade mediadora da (des)ordem financeira no poder, malsinando perceções cognitivas esculpidas a uma forma de consciência onde a tacanha resignação é exercitada a esmoer a humana vitalidade da convicção.
O senhor diretor do CM/CMTV, de nome Octávio Ribeiro, diz o seu jornal, não deixou cinicamente de alertar para os perigos de uma democracia sem jornalismo. Com certeza compadecido e naturalmente bem consciente dos problemas e do papel que lhe concerne, ou seja, dos dinheiros que se esgueiram e da ideologia vazia que mercadeja, facto que bem caracteriza a admirável lata do homem e do seu pasquim.
A sua indiferença social expressa é ocupada por tiros, malandrices e facadas e por outros equivalentes como coscuvilhices intrusivas e patéticas. A sua arrogância é almofadada pelos desordeiros do profícuo poder através da denúncia mercenária de outros que lhe sejam desvantajosos. O caos, a violência e o medo constituem as glândulas reprodutoras do seu entusiasmo, expropriador da crítica social séria, significativa e fundamentada. Em síntese, o seu problema é vender um evangelo diário que sirva os interesses obscuros que se escondem por de trás deste dramático modelo social e cultural regressivo dos dias de hoje. Em síntese, um desabafo; tenha pudor moral e intelectual, senhor Octávio…
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segunda-feira, 2 de maio de 2016

A LEGITIMIDADE DOS CONSENSOS


A ideia de consenso, ao longo da história, transitou alucinante sempre (ou quase sempre) pelos arbítrios da crença, da fé, da verdade e do senso comum. Igualmente sempre (ou quase sempre), silenciou o seu uso obstinado em acoitar da crítica os entendimentos ou preconceitos decididos pelos interesses difusos dos diferentes poderes, que sempre (ou quase sempre) foram exibidos como universalmente verdadeiros. A conquista do consenso foi assim, sempre (ou quase sempre), admitida como uma condição impreterível das ambições dos diferentes poderes, em particular do poder político.
Contudo, este poder político, hoje encravado num contexto globalizado de financeirização da economia e submetido à predominância da civilização mediática, trocou (ou viu-se obrigado a trocar) o espaço público da cidadania democrática pelo ambiente do consumo teatral da oferta política e das suas figuras de proa ou cortesãos de faxina. Assim sendo, alcançar o consenso, como condição para chegar ao poder, torna-se hoje uma arte, pressupondo atores habilidosos e encenadores imaginativos e, principalmente, o que não é de somenos importância, acesso ao palco das representações. A cidadania desvanece-se, é certo, mas o espetáculo anima-se e o aplauso cria finalmente o consenso íntimo desejado. Embora desvalido, politicamente poderoso como convém.
Imagem retirada DAQUI
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