sábado, 18 de outubro de 2014

ALORPADO MAS … NÃO TANTO

 

As afetadas e analíticas arengas dos economistas, sobretudo daqueles que mumificam no tablado mediático, abespinham-me por vários porquês, dos quais aqui apenas acuso dois deles. O primeiro – raiz da intensa e difusiva canga ideológica dos tempos – porque não tenho ciência bastante para descodificar toda aquela cabalística linguagem técnica que, recolhida sobre si, nada acorre à minha retratada insipiência. O outro, o segundo, certamente dispondo dessa insciência minha e de muitos mais, tem a ver com a implicante e asnática soberba dos ditos que tudo fazem para acoitar a natureza estimativa do seu arrazoado e a hercúlea construção histórica da adequada fórmula política e social dos números que regurgitam, encenando (para tal) um patinar galante sobre o gelo das certezas matemáticas inquestionáveis. Para quando esta gente tão versada não me apresenta a mim, que não sou propriamente um apatetado deprimido, mas igualmente aos desfavorecidos deste mundo e em linguagem de gente, os fundamentos que legitimam, animam e determinam as indecorosas distribuições de rendimentos e as pornográficas desigualdades daí decorrentes. Se tiverem coragem e forem capazes, credibilizem o sistema (que tão piamente agasalham) começando exatamente por aqui.

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