“O capital sequestra os assalariados individualmente, uma vez que a venda da força de trabalho é a única solução praticável numa economia de trabalho dividido onde ninguém pode prover os requisitos da sua produção material fora da troca mercantil. Quando o acesso à moeda é o ponto de passagem obrigatório da simples sobrevivência, e quando este acesso só é possível sob a forma de salário, percebe-se que o fundamental do salariato é uma pistola encostada à cabeça. Por vezes, os assalariados esquecem-se disto – a tal ponto que semelhante representação lhes parece exagerada –, porque o capitalismo teve o cuidado de enriquecer as suas existências laboriosas com afectos geradores de alegria: uns extrínsecos, ligados ao consumo; outros intrínsecos, ligados à ´realização de si` no trabalho. Mas também lhes acontece serem brutalmente recordados, quando as máscaras caem e o assédio, ou o despedimento, se instalam sem rodeios”.
Citação retirada do artigo A esquerda não pode morrer, de Frédéric Lordon (LE MONDE DIPLOMATIQUE, Setembro de 2014)
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