Que coração é este? Decerto, um coração que ilumina o vazio na recusa de se consolidar no nada. Um coração que dá vida a esse vazio que se rebela, e revela, ante uma arredia existência. Afinal de contas, um coração que desperta a espessura de um vigor que ainda resta e que, assim sendo, traz consigo incitação e existência. Na sua obstinada verdade, um coração que faz com que esse experimentado e preciso vazio se torne, tão-só, um momento valoroso, síntese de muitos outros, quiçá dolorosos e magoados, e lhe oferece um sentido capaz de presença e, sobremodo, de vontade de resistir. Aliás, momento esse que vale pela negação do falso nada e se dispõe ao alívio, angustiado e decadente, desse desvio sem rosto. Um coração, em suma, que comunica instruído por vigorosas e vigilantes memórias e nos faz permanecer inteiros, provando que o vazio e o nada não são coisas semelhantes. Assim nos ensina a experiência dura, embora tranquila, desse vazio aclarado, capaz de nos exibir a vida sobrante que entrementes se esvaiu. Um coração, enfim, que nos resgata o nosso próprio rosto, nesta hora, sagaz e recompensado.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
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